A Parábola dos Dois Devedores é uma história contada por Jesus durante um jantar, onde ele foi ungido por uma mulher pecadora. Com essa ilustração, Jesus ensinou sobre a importância de nos reconhecermos como falhos e necessitados de perdão de Deus. Pois só assim, poderemos demonstrar real amor e gratidão a Cristo pela Sua obra de redenção.
Parábola dos dois devedores
"Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinquenta.
Nenhum dos dois tinha com que lhe pagar, por isso perdoou a dívida a ambos. Qual deles o amará mais?"Simão respondeu: "Suponho que aquele a quem foi perdoada a dívida maior".
"Você julgou bem", disse Jesus.
- Lucas 7:41-43
Esta pequena parábola, registrada em Lucas 7, nos ensina sobre a importância de compreendermos o nosso estado como pecadores necessitados do grande perdão que Jesus nos dá. Quem sabe que deve muito, ama mais a quem lhe perdoou. Mas, se consideramos que devemos muito pouco, ou nada, a nossa gratidão tende a ser pequena ou nula.
Explicação bíblica da parábola dos dois devedores
Essa pequena história, serve como uma poderosa ilustração acerca do perdão, amor e gratidão. Por meio dela vemos a atitude de dois personagens fictícios, reagindo ao perdão recebido. O amor demonstrado está diretamente relacionado à consciência do perdão que necessita receber.
O exemplo da mulher e do próprio Simão se fundem ao exemplo dado por Jesus. Ela mostrou amor e fé, porque reconheceu os seus pecados e Aquele que poderia lhe perdoar. Em contraste, Simão não considerou Jesus como divino, nem como profeta, nem como um convidado de honra, nem mesmo lhe tratou com as cortesias de uma pessoa comum.
Nos tempos de Jesus, ao receber um convidado em casa, o anfitrião tinha o dever de proporcionar-lhe conforto e mostrar-lhe respeito. Alguns gestos comuns incluíam:
1. Cumprimentar com beijo: O beijo era uma forma comum de saudação e demonstração de afeto entre os amigos e membros da família. Era considerado um sinal de boas-vindas e respeito. Normalmente, um beijo na bochecha ou nas mãos era dado ao convidado como sinal de acolhimento caloroso.
2. Lavar os pés: Devido às condições das estradas empoeiradas e ao uso de sandálias, os pés estavam frequentemente sujos após uma jornada. Por isso, a prática de lavar os pés dos convidados era uma cortesia comum ao receber visitantes em casa. Isso não apenas proporcionava conforto ao hóspede, mas também era um gesto de humildade por parte do anfitrião.
3. Ungir a cabeça com óleo: Ungir a cabeça do convidado com óleo perfumado era um gesto de honra e respeito. O óleo tinha propriedades refrescantes e aromáticas e era usado como um sinal de boas-vindas e apreço. Além disso, o óleo tinha um efeito calmante e revitalizante, proporcionando alívio após uma jornada cansativa.
Esses gestos de cortesia estavam bem presentes na cultura da época e refletiam os valores de hospitalidade, respeito e generosidade. Mas o fariseu, Simão, não demonstrou nada disso a Jesus.
A postura de Simão, deixa claro que ele se considerava infalível e, portanto, não necessitava da misericórdia do Salvador. Em contraste, aquele que reconhece sua condição de pecador, é conduzido a expressões reais de amor e gratidão, como fez a mulher pecadora. Apesar dos olhares críticos dos outros, ela demonstrou devoção a Jesus com profunda entrega e reverência.
Contexto da parábola dos dois devedores
Veja a passagem completa e o que motivou a Jesus contar essa pequena história.
A pecadora que ungiu os pés de Jesus
Um dos fariseus convidou Jesus para que fosse jantar com ele. Jesus, entrando na casa do fariseu, tomou lugar à mesa.
E eis que uma mulher da cidade, pecadora, sabendo que ele estava jantando na casa do fariseu, foi até lá com um frasco feito de alabastro cheio de perfume.
E, estando por detrás, aos pés de Jesus, chorando, molhava-os com as suas lágrimas e os enxugava com os próprios cabelos. Ela beijava os pés de Jesus e os ungia com o perfume.
Ao ver isto, o fariseu que o havia convidado disse consigo mesmo:
— Se este fosse profeta, bem saberia quem e que tipo de mulher é esta que está tocando nele, porque é uma pecadora.
Jesus se dirigiu ao fariseu e lhe disse:
— Simão, tenho uma coisa para lhe dizer.
Ele respondeu: — Diga, Mestre.
Jesus continuou: — Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro devia cinquenta.
E, como eles não tinham com que pagar, o credor perdoou a dívida de ambos. Qual deles, portanto, o amará mais?
Simão respondeu:
— Penso que é aquele a quem mais perdoou.
Jesus disse: — Você julgou bem.
E, voltando-se para a mulher, Jesus disse a Simão:
— Você está vendo esta mulher? Quando entrei aqui em sua casa, você não me ofereceu água para lavar os pés; esta, porém, molhou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos.
Você não me recebeu com um beijo na face; ela, porém, desde que entrei, não deixou de me beijar os pés.
Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas esta, com perfume, ungiu os meus pés.
Por isso, afirmo a você que os muitos pecados dela foram perdoados, porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
Então Jesus disse à mulher:
— Os seus pecados estão perdoados.
Os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si:
— Quem é este que até perdoa pecados?
Mas Jesus disse à mulher: — A sua fé salvou você; vá em paz.
- Lucas 7:36-50
Neste episódio, uma mulher pecadora entra na casa do fariseu e unge os pés de Jesus com perfume e lágrimas, demonstrando arrependimento e devoção. Diante disso, o anfitrião fariseu, critica Jesus em seu coração, questionando Sua identidade como profeta por permitir o contato com uma pecadora.
Jesus, percebendo os pensamentos de Simão, compartilha a parábola dos dois devedores. Ele descreve duas pessoas: um devia uma grande quantia e outro uma quantia menor. Ambos foram perdoados pelo credor. Jesus então questiona a Simão, qual dos dois seria mais grato. Simão respondeu corretamente, que aquele que foi perdoado de uma dívida maior demonstraria maior gratidão.
Diferenças entre Simão (fariseu) e a mulher pecadora
1. Simão - comparado ao que amou pouco na parábola
Representa aquele que se considera justo e não reconhece sua necessidade de perdão, demonstrando pouco amor e gratidão a Jesus.
Atitude em relação ao próprio pecado: talvez por ser um homem religioso, com alto prestígio social, e sendo conhecedor da Lei de Deus, Simão não se considerava pecador. Ele presumia-se justo e sem pecado. Mas todas as pessoas pecam. E, suas atitudes revelam seus pecados ocultos: julgou a mulher e a Jesus no seu coração, exibindo: orgulho, arrogância, julgamento e autojustificação. Simão não se arrependeu dos seus erros, nem pediu desculpas depois desta grande lição dada por Jesus.
Reação diante da presença de Jesus: Simão, embora tenha convidado Jesus para jantar, não demonstrou o mínimo da hospitalidade esperada a um convidado. Ele não prestou a habitual cortesia oferecida às visitas naquela época: cumprimentar com beijo, proporcionar que se refrescassem e lavassem os pés, ungir, etc. Ele não demonstrou apreço e honra a Jesus, ao contrário, criticou-O em seu coração e duvidou de sua identidade como Profeta.
2. A mulher pecadora - comparada àquele que amou mais
Representa aquele que reconhece sua condição de pecador e, portanto, mostra profundo amor e gratidão a Jesus pelo perdão recebido.
Atitude em relação ao próprio pecado: A Bíblia não menciona qual era o pecado da mulher, mas provavelmente ela seria uma prostituta, conhecida na cidade. Aquela mulher sem identidade, seria certamente renegada pela sociedade. Mas reconheceu a sua condição pecaminosa, carente da ajuda divina e assim demonstrou arrependimento. A mulher buscou a Cristo, com humildade, entrega e contrição.
Reação diante da presença de Jesus: A mulher pecadora mostrou uma profunda devoção e amor a Jesus, demonstrando uma forma extrema de gratidão e devoção, realizando uma ação que ia além das normas habituais de hospitalidade. Mesmo sem ser aparentemente religiosa, ela reconheceu em Jesus o Salvador dos pecados, o Messias, por isso se prostrou aos Seus pés. Ao ungir os pés de Jesus com perfume e lágrimas, ela prova que sabia da importância de honrá-lo com o melhor que ela tinha para oferecer.
Aqueles que não se reconhecem como pecadores, provam não ter fé, por não demonstrarem amor pela graça recebida de Deus.
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